quarta-feira, 11 de março de 2009

Campeonato Paulista de Futebol de 1977

Campeonato Paulista de Futebol de 1977


O Campeonato Paulista de Futebol de 1977 teve como campeão o Corinthians, que com essa conquista deu fim a uma série de 22 anos sem ganhar o campeonato. A equipe corintiana derrotou na final, após três partidas, a Ponte Preta, de Campinas, pelos placares de 1 a 0 para o Corinthians na primeira partida, 2 a 1 para a Ponte Preta na segunda partida e 1 a 0 para o Corinthians na terceira e última partida.

A primeira partida da final teve um publico de 86.677 pagantes e foi realizada no dia 13 de outubro de 1977. O juiz foi Dulcídio Wanderley Boschilia. O Corinthians foi campeão com: Tobias, Zé Maria, Moisés, Ademir e Wladimir; Ruço e Luciano; Vaguinho, Geraldão, Basilio e Romeu. A Ponte Preta perdeu com Carlos, Jair, Oscar, Polozzi e Anglo; Marco Aurélio e Dicá; Lucio, Rui Rei, Wanderlei e Tuta (Parraga).


Taça de Campeão Paulista de 77Um fato notório deste campeonato foi o recorde de público no Morumbi: 146.083 pessoas assistiram à segunda partida da final do campeonato, vencida pela equipe campineira.


ESTATÍSTICAS DURANTE O JEJUM:

TODOS OS PRESIDENTES:
Alfredo Ignácio Trindade – 12 anos (1948-1959)
Vicente Matheus – 3 anos (1959-1961)
Wadih Helu – 11 anos (1961-1971)
Miguel Martínez – 2 anos (1971-1972)
Vicente Matheus – 10 anos (1972-1981)

TODOS OS TÍTULOS:
- Torneio Internacional Charles Miller (1955)
- Taça dos Invictos (1956 e 1957)
- Torneio Charles Miller (1958)
- Torneio de Brasília (1958)
- Pentagonal do Recife (1965)
- Copa Cidade de Torino (1966)
- Troféu Apolo V (1969)
- Torneio Costa do Sol (1969)
- Taça do Povo (1971)
- Torneio Laudo Natel (1973)


A FINAL DE 77
Lágrimas nos olhos, coração palpitante, o grito entalado na garganta. Esse era o estado de emoção dos mais de 86 mil torcedores alvinegros que puderam acompanhar a conquista de um título que entrou para a história do Corinthians, há 30 anos. O ano: 1977. O dia: 13 de outubro. O herói: Basílio, autor do gol marcado aos 36 minutos do segundo tempo da terceira partida final entre o Timão e a Ponte Preta, pelo Campeonato Paulista. Gol este que fez o Alvinegro levantar novamente uma taça de campeão após 22 anos, oito meses e sete dias. Um longo e dolorido jejum que terminou numa inesquecivel quinta-feira da paixão e extasiou os mais fiéis torcedores corintianos

Herói do jogo e da conquista, Basílio atuou fora de sua posição de origem nos dois primeiros jogos daquela decisão (1 a 0 Corinthians e 2 a 1 Ponte Preta, respectivamente), por orientação do técnico Oswaldo Brandão, e não se sentiu à vontade. Só voltou ao meio-de-campo no terceiro e decisivo jogo, justamente aquele que o consagraria para sempre. Predestinado, o corintiano já havia recebido um recado do treinador. Na concentração da final, o espírita Oswaldo Brandão chegou a Basílio e disse: 'Neguinho, você vai marcar o gol". E não deu outra.

Naquela hora, eu não imaginava nada. Um repórter veio até mim e falou: ‘Você não sabe o que esse gol vai representar pra você e pra sua família’. Eu não pensava que seria desse jeito – relembrou o emocionado Basílio.

- A gente alugou o meio-de-campo e não deixamos a Ponte jogar no terceiro jogo. Foi uma vitória incontestável. Naquele dia, a gente poderia jogar com a seleção do mundo que não iria perder. Estava estampado na fisionomia de todo mundo a vitória, a determinação – acrescentou o lateral-esquerdo Wladimir

Há quem diga que aquela foi a maior comemoração da história do futebol brasileiro. Para quem estava dentro do campo, o estádio parecia um vulcão em erupção. A euforia foi tamanha que as pessoas chegaram até mesmo a comer grama, de tanta alegria. Jogadores e comissão técnica tiveram dificuldades para deixar o Morumbi, enquanto cerca de 100 mil pessoas lotaram a famosa Avenida Paulista até 6h30 da manhã para festejar o fim da fila.

- Quando terminou o jogo, havia umas 10 mil pessoas que invadiram o gramado. O campo estava lotado, todo mundo se abraçando. Eu particularmente fiquei em choque, porque minha camisa foi, minha chuteira foi, minha meia foi, então fiquei quase pelado, só de sunga. Foi uma coisa muito importante e muito linda – destacou o goleiro Tobias, que precisou traçar um ‘plano de fuga’ após a saída do Morumbi.

- Saí depois com o dr. Paulo Egydio, que na época era governador de São Paulo. Fomos para a fazenda dele em Itu e fiquei lá por três dias, porque não conseguia voltar para São Paulo e colocar o pé aqui por causa dessa conquista - relembrou.

O Timão já conquistou o Brasil e o Mundo, mas sofrido Paulistão de 1977 está no coração da Fiel. Tanto é que até hoje Basílio é parado na rua e reconhecido como o autor de um dos gols mais importantes da história do clube. Mesmo aqueles que nem eram vivos na ocasião, reconhecem a importância do ex-meia e daquela conquista memorável.

Aquele título foi importantíssimo porque ninguém acreditava em nós na época. A Ponte era um super-time e era a favorita, mas no conjunto da obra, no dia 13 de outubro de 1977,o Corinthians foi superior na decisão e surpreendemos a Ponte. Por isso que temos que ser valorizados – atestou o ex-meia-direita.

Presente na área do time campineiro quando Basílio marcou o único gol da terceira partida, o ex-atacante Geraldão lamenta não ter sido o 'sortudo', mas faz questão de exaltar as qualidades de um elenco jamais esquecido pela nação corintiana.

- Um time unido, como diz o ditado, jamais será vencido. Nosso time era de pegada e a gente conseguiu corresponder dentro de campo àquilo que a torcida esperava – recordou.

O curioso é que após o gol alvinegro, os mais de 86 mil torcedores extasiados de emoção que enchiam o Morumbi parecem não ter percebido (até hoje!) que Geraldão deixou o jogo mais cedo.

- Muita gente até hoje não sabe que eu fui expulso naquele jogo, depois do gol. Eu e o Oscar (da Ponte Preta) discutimos e aí o Dulcídio (Wanderley Boschíllia, árbitro da partida) veio e falou: 'Se vocês não pararem com isso, vou expulsar os dois'. Depois o Oscar encostou em mim pra se defender na bola cruzada, o juiz pensou que a gente estava discutindo e mandou os dois embora de boca – revelou o ex-atacante.

Mesmo expulso, Geraldão teve o privilégio de figurar na foto do título com os demais jogadores, coisa que por pouco não aconteceu com o goleiro Tobias. Na primeira partida das finais, quando o Timão venceu por 1 a 0 com um estranho gol de Palhinha, o goleiro fez de tudo para evitar que a Ponte Preta ficasse com a bola no pé, mas levou o terceiro amarelo por retardar o jogo.

- E eu fui uma pessoa privilegiada, porque se o Corinthians fosse campeão na segunda partida, eu não sairia na foto, mesmo tendo jogado quase todas as partidas no campeonato – afirmou Tobias, que fora substituído pelo goleiro Jairo.

E eu fui uma pessoa privilegiada, porque se o Corinthians fosse campeão na segunda partida, eu não sairia na foto, mesmo tendo jogado quase todas as partidas no campeonato – afirmou Tobias, que fora substituído pelo goleiro Jairo.

Confiantes que iriam vencer os campineiros na segunda partida e liquidar o campeonato no próprio domingo, os corintianos, sem o goleiro titular, abriram o placar com Vaguinho, mas vacilaram e deixaram os adversários virar o jogo no segundo tempo, com gols de Dicá e Rui Rei, temido artilheiro ponte-pretano.
A decepção foi geral. O Morumbi naquele 9 de outubro de 1977 estava mais do que lotado e recebia um público recorde: 149.082 torcedores (somando-se os 138.032 pagantes aos 8.050 chamados 'menores credenciados'). Não havia mais espaço para mais um fio de cabelo e os corintianos se espremiam na esperança de ver de perto a conquista do tão sonhado e esperado título.

- Eu acho que foi o homem lá de cima que fez com que a gente não conquistasse a taça naquele segundo jogo, porque eu tenho a leve impressão que se a gente ganhasse, muita gente iria morrer esmagada e cairia lá de cima – atestou o atacante Geraldão.

Quis o destino que o título paulista viesse justamente numa quinta-feira santa, abençoada pelos deuses e santos. Embora não entrasse em campo, fizesse gols, marcasse os adversários e corresse durante toda a partida, o experiente técnico Oswaldo Brandão foi talvez o principal personagem desta história de glória alvinegra.
Tido pelos jogadores como um mentor e praticamente um pai, o comandante do Timão sofreu uma dura perda durante a campanha no Paulistão. Seu filho, Marcinho, depois de muito tempo doente, veio a falecer devido a um câncer. Tirando forças de onde já não tinha mais, Brandão tirou a doença do rebento como lição e soube passar para os atletas todo o seu espírito de superação.

E o resultado não poderia ser outro: a vitória suada no terceiro jogo, aos 36 minutos do segundo tempo, e a consagração daquele que seria um dos mais importantes e reconhecidos técnicos do Coringão.

- Qualquer técnico hoje no Brasil teria 20% de participação em um título, mas o Oswaldo Brandão teve 50%. Ele foi uma pessoa que conseguiu unir todos os jogadores e passar pra gente aquilo que a gente precisava fazer pra conquistar um título – garantiu o goleiro Tobias.

Aliando raça, garra e união, aquele elenco sem grandes estrelas individuais pôde dar à nação corintiana a maior alegria em pouco menos de 23 anos. 13 de outubro de 1977. Era hora de tirar o grito entalado na garganta e gritar: É Campeão!

CURIOSIDADES
6100 soldados, além de mil viaturas, foram destacados pela Polícia Militar para trabalhar no terceiro jogo da final entre Corinthians e Ponte Preta. Atualmente, no máximo 500 policias trabalham em dias de jogos.

Dez horas antes do início da partida já havia torcedores fazendo fila em frente ao portão principal do Morumbi.

100 mil pessoas tomaram a Avenida Paulista para comemorar o título paulista de 1977. As duas mãos da via ficaram fechadas até às 6h30 do dia seguinte.

O Morumbi ficou 15 dias fechado para reformas após a final. Os custos dos reparos no estádio foram superiores à soma das rendas dos três jogos contra a Ponte.

Os presidiários foram liberados a ficar quatro horas a mais no pátio do Carandiru na noite da conquista. Em vez de 22h, eles ficaram festejando até ás 2h.

Devido à intensa comemoração e o engarrafamento nas imediações do Morumbi, Basílio teve que sair disfarçado, mas foi reconhecido pelos torcedores e levado pela multidão por dois quarteirões.

Na concentração do terceiro jogo, o espírita Oswaldo Brandão chegou a Basílio e disse: 'Neguinho, você vai marcar o gol". E não deu outra. Aos 36 minutos do segundo tempo, o jogador predestinado abriu o placar no Morumbi.

14 anos após a conquista do título de 77, Basílio recebeu das mãos de dois torcedores o placar da partida contra a Ponte Preta. Os numerais 1 e 0 estão entre os troféus do ex-jogador e são uma das suas principais recordações daquela partida.

Pouca gente sabe, mas o árbitro Dulcídio Boschillia expulsou o atacante Geraldão logo após o gol do Corinthians. Ele e o ponte-pretano Oscar se desentenderam e o juiz mandou os dois embora ‘de boca’ e sem levantar o cartão, como faz questão de lembrar o goleador alvinegro.

Às vésperas do segundo jogo das finais, em um domingo, o vereador José Bustamante levantou a hipótese de que se decretasse ponto facultativo na segunda-feira, em caso de vitória corintiana, mas o prefeito Olavo Setúbal negou o pedido.

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