sexta-feira, 6 de março de 2009

Dicas de sexualidade gratis: Anticoncepcional yasmin

Dicas de sexualidade gratis: Anticoncepcional yasmin


Para sorte das mulheres, as pílulas anticoncepcionais modernas contêm apenas 10% dos hormônios das primeiras versões dos anos 60, baseadas em doses cavalares de estrógeno que aumentavam o risco de doenças cardiovasculares e circulatórias. Atualmente, três dezenas de marcas muito semelhantes entre si - poucos efeitos colaterais e alta eficácia, disputam a preferência das brasileiras. A saída, para a indústria farmacêutica, é apostar em vantagens extras. Na semana passada, a multinacional Schering lançou Yasmin, o primeiro contraceptivo oral que promete benefícios à beleza e ao bem-estar emocional. Segundo estudos patrocinados pela empresa, a pílula reduz a oleosidade da pele, evita inchaços e consegue atenuar os abomináveis sintomas da tensão pré-menstrual (TPM). O espectro das vantagens não chega a ser grandioso, mas é mensurável. Apenas 16% das mulheres que testaram o remédio sentiram o desconforto da TPM, revelou um estudo com 700 voluntárias publicado no Journal of Reproductive Medicine. Os sintomas atingiram 30% das usuárias de outras pílulas.


O segredo está na drospirenona, substância sintética semelhante à progesterona produzida pelo organismo da mulher. Com leve ação diurética, ela ajuda na eliminação do sal e evita a retenção de líquidos. Um estudo feito com 1.657 mulheres durante 13 ciclos menstruais mostrou que 24% das voluntárias se livraram de mais de 2 quilos. 'Não perderam gordura, só eliminaram o excesso de água', diz o ginecologista Aroldo Camargos, que participa de estudos patrocinados pela Schering.

A lógica de todos os contraceptivos orais é imitar o padrão hormonal que ocorre naturalmente na mulher pouco antes da menstruação e, assim, impedir a ovulação. Com isso, também aumentam a retenção de líquidos e realçam os sintomas físicos e psicológicos da TPM, como inchaço, dor nas mamas e irritabilidade. A drospirenona compensa esse efeito negativo provocado pelo outro componente da pílula, o etinilestradiol.

Apostando na superioridade da Yasmin, a empresa exagerou no preço. Cada cartela custa R$ 45, mais que o triplo do preço dos concorrentes. O apelo da pílula que une o útil ao agradável parece irresistível, mas os especialistas recomendam cautela. 'Faltam pesquisas mais amplas para comprovar essas alegações. O que apareceu foram estudos reduzidos', alerta o ginecologista Jorge Souen, professor da Faculdade de Medicina da USP.

Lançada em 32 países desde 2001, a Yasmin enfrenta percalços na Europa. Na Inglaterra, a agência de controle de medicamentos considerou exagerada a alegação de que a pílula promove o bem-estar. A Schering foi obrigada a enviar uma carta aos médicos reconhecendo que as pesquisas não ofereciam evidências inegáveis de que o produto melhora os sintomas da TPM. Em fevereiro, a respeitada publicação científica British Medical Journal trouxe o relato de cinco casos de tromboembolia (obstrução de uma vaso sanguíneo provocada por coágulos) associados ao uso da pílula na Holanda. Uma das pacientes tinha 17 anos e morreu depois de seis meses de uso da pílula. 'O risco de a nova pílula provocar tromboembolia é idêntico ao de qualquer outro anticoncepcional', diz o presidente da Schering no Brasil, Theo van der Loo. As várias pesquisas internacionais com a Yasmin envolveram até agora 2.263 mulheres. O tempo e novos estudos dirão se ela realmente vale quanto pesa.

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